quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sobre nossos atos contraditórios

A certa altura de minha vida, ainda na adolescência, atingí uma consciência moral notável. Em contrapartida, me tornei um tapado. Eu pensava: por que as autoridades não proíbem o cigarro e a bebída? Seria melhor para todos, principalmente na questão da saúde. E mais: por que as pessoas brigam, falam palavrão, fazem escândalo? Todos deviam conversar e chegar a um acordo. Mas o tempo se encarregou de me explicar os porques. Segundo meu próprio pensamento, existem duas forças em nós: uma libertária e uma conservadora. A primeira diz respeito ao animal em nós. Ela se manifesta segundo nossas emoções. Então quando as pessoas se drogam elas simplesmente estão buscando uma libertação em oposição a repressão da cultura e isso é necessário para seu equilíbrio. Quem fuma, por exemplo, a príncipio faz em razão de uma autônomia e é sempre na juventude que você quer se afirmar. Depois aquelas 4.700 substâncias tóxicas passam a ser necessárias a homeostasia da pessoa. Já a força conservadora  atua em razão da razão. A cultura civilizou-nos e manter, ao menos aparentemente, o controle de nossas vidas tornou-se um desejo forte. A batalha entre estas duas forças faz de nós seres paradóxos. Pensamos A e fazemos B. Quebramos promessas. Perdemos as estribeiras. E voltamos a nossa entediante e necessária rotina. As mudanças parecem ser o lobo-mau. Quem tem medo do lobo-mau? Todos. É uma defesa da força conservadora. Não obstante, sonhamos com romance e aventura. Como nos aventurarmos sem mudar nada em nossa vida? Esse é o grande dilema humano. Desejamos profundamente algo do qual temos profundamente medo de realizar. isso sem falar em outro conflito: o meu desejo contra o desejo do ambiente. Agora por exemplo o meu desejo era estar em um bela praia contemplando a beleza da imensidão do mar. No entanto, o ambiente me força a trabalhar. Ao meu ver, a grande sacada é estar atento para os momentos em que essas forças e conflitos venham a convergir para então atingirmos um grau melhor de satisfação.

3 comentários:

  1. Acho que por ser seu amigo não vou conseguir ser imparcial. E se não lhe conhecesse, diria que você tem uns cinquenta anos, porque o modo como fala da vida é como quem já à observou muito. Realmente faz muito sentido.

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  2. É impossível ter um grau de satisfação num sistema que explora suas pessoas por um bem maior: O país. As pessoas são o capital, o chamado: Capital humano. A socieade caminha "torta" um dia quero sentar e te explicar melhor essa classificação que faço da sociedade. Nesse ponto chego as drogas, o que são e para que servem. Não cabe aqui, um dia batemos um papo. Mais uma vez, você escreve muito bem, e sua ideia e reflexão me levaram a reflexões ainda maiores.

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  3. Acho que a gente não pode esquecer que o ser humano é um animal e tem instinto. Acontece que o ser humano pensa, reflete, e não consegue enxergar que muitos dos seus atos - a grande parte contraditória - vem da sua natureza. E isso não tem a ver com educação e família, mas sim com instintos naturais, mesmo.

    Pelo fato de pensar, por vezes, nega seu instinto. Em caso de gêneros, veja o homem que pensa "que mulher gostosa" mas tem que se segurar para não falar, para não ofender. Mas, no instinto, ele pensou o que pensou, mas a postura da "boa vizinhança" fez com que se calasse, que negasse seus institintos.

    Às vezes é bom negar o institnto, no caso de ser humano, que na sua natureza é um ser mal, egoista e transformador do ambiente, sem respeitar o espaço do próximo. Só com muita reflexão o instinto pode ser segurado. Mas não é o que acontece.

    Belo texto, rapaz!

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