sexta-feira, 18 de março de 2011

Cervejisses, charutagens e sentimentalismo gratuito.

Vai partir de mim velho poeta nostálgico! Velhice e nostalgia não são necessariamente um pleonasmo. Vai embora com teu charuto velho, tanto quanto você, e suas ilusões vazias qual copos de cachaça nos fins de seus dias em bares que esteve e ninguém te viu! Vai, mas vai pra longe! Vai! Que tuas lamúrias não são bem vindas, que tua solidão é uma mentira, que tua sensibilidade, tão aclamada pelos ouvintes de tua poesia, são somente a loucura de um velho sentimentalista. Vai embora de mim seu pseudoboêmio! Onde estão tuas paixões agora que é só um rato de escritório? Você gostaria de estar lá na chuva adoecendo e isso provaria sua força centrípeta. Mas nem nisso você acredita . Melhor do que partir é morrer. O eufemismo é mais uma moral fedida e cuspida com um laçinho de disfarce. Estamos vivendo o neo-renascentismo, mas você não rompe grilhão algum. Então vai logo embora de mim! E eu amadureço. Vai poeta velho, sem paixão, e deixa a saudade me matar de falta de mim.


Nota: O velho nesta prosa é uma metáfora. Um sentimento velho. A velha poesia no eu-lírico. Não tenho nenhum preconceito com pessoas que tenham bastante tempo de existência.

3 comentários:

  1. Cara, depois de ler o que voce escreveu fiquei pasmo. Resolvi ,então, postar alguma coisa.Por ser poeta(se sou)velho, resolvo postar um escrito de 97. Algum sentido? Mas acho que valeu a póstagem. Abraços,José Araujo

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  2. Bela prosa poética Samuel! Incrível como me identifiquei com algumas passagens... Beijos

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  3. Vive o seu tempo o velho poeta, mas vive tanto que espanta. Seria ele sentimental por natureza, ou uma casca, de pura aparência?

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