quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A existência e a existência dos meus pais

O pai olhando para o teto absorto e cutucando um dente mole. O filho, perplexo, chega e pergunta:
-Pai, o que foi?
-Engraçado como tudo tem nome não é filho? - responde o pai e continua - teto, blusa - apontando para as coisas do mundo que citava - cama, coberta...
-É mesmo pai... - concorda o filho, sem de fato compreender o estranhamento do pai.
-Xandrão, tira a mão do dente e vem jantar! Vem Samuel, já passa da hora de comer! - exclama a mãe da cozinha.
Ambos obedecem a mãe. Mas o estranhamento do pai e a fala prosaica da mãe, hoje cortam de ausência o coração do filho, lhe seca a garganta e umedece os olhos de uma saudade que paira no infinito melancólico de um tempo que não volta nunca mais. 

Mogi das Cruzes, 11 de setembro de 2012

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